quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Programa de inclusão do SENAI ajuda mulheres na luta contra o preconceito

 

“Eu estou aqui para adquirir novos conhecimentos porque o mercado está muito competitivo”. São com estas palavras que o senhor João Ferreira, de 50 anos, justifica sua participação no curso de pintor de imóveis, do SENAI, que está sendo desenvolvido na cidade de Cruzeta, a 230 quilômetros da capital potiguar.

Seu João é um dos poucos homens da turma de 16 alunos. Destes, 11 são mulheres em busca de oportunidade no setor da construção civil. O curso faz parte do Programa SENAI de Ações Inclusivas – PSAI, que tem, entre outros objetivos, o de inserir mulheres em profissões estigmatizadas como sendo exclusivamente masculinas.

O programa de inclusão do SENAI também desenvolve cursos voltados para requalificação de pessoas com mais de 45 anos e busca oferecer condições de competitividades a pessoas inseridas em grupos considerados desfavorecidos socialmente, a exemplo de deficientes, negros e índios.
Na turma do programa em Cruzeta já é possível observar os resultados. “As mulheres estão mostrando bastante interesse. Temos uma baixíssima evasão. Houve apenas uma desistência e preenchemos a vaga imediatamente”, relata o professor do curso de pintura em parede, Wunglen Santos.

O professor acrescenta ainda que no início das aulas algumas alunas ainda enfrentaram preconceitos para conseguir fazer parte da turma. “Tivemos casos aqui de mulheres que enfrentaram problemas com os maridos, que não queriam permitir que elas entrassem para a turma. Aítive que conversar com eles e mostrar que não havia nenhum problema. Eles acabaram aceitando”, afirma.
Aracely Carla, de 32 anos, já faz planos para começar a tornar este trabalho um meio de renda. Ela é moradora da zona rural e para participar do curso, tem que atravessar um açude usando uma canoa. “Sou pescadora há oito anos, mas tenho dois filhos para criar e penso no futuro deles. Preciso de emprego e busco aqui oportunidades”, diz a aluna.

As participantes do curso dizem que possuem uma vantagem em relação aos homens. “Nós mulheres somos, normalmente, caprichosas e utilizamos isso até no momento de pintar”, defende a dona de casa Erivanete Gomes.
Esta “tese” também é defendida pelos alunos. “Tem que acabar com esse preconceito de achar que mulher deve ficar sempre em casa. A mulher faz muito mais bem feito do que o homem. Se tiver que fazer na minha casa, contrato uma delas”, brinca João Ferreira.

Entre elas, também têm as que buscam a primeira oportunidade de trabalho. Fernanda e Pricila têm 18 anos e são as mais novas da turma. “No começo eu achava que era um curso de desenho e quando cheguei aqui, descobri que era de pintura em parede. Estou adorando”, diz Fernanda, que também fez o curso à distância de Segurança no Trabalho, do SENAI, para completar sua profissionalização.
Além de ensinar as técnicas da pintura, o curso também debate sobre o comportamento do profissional. “Nós mostramos a importância de trabalhar com segurança, pontualidade, sinceridade e honestidade”, conta o professor Wunglen.

Pintores profissionais estão visitando a sede do CRAS, que está sendo transformada pelos alunos. Painéis com diferentes texturas foram aplicados na recepção do prédio, o que está atraindo a atenção da população, que já começa a contratar o trabalho dos aprendizes.

Após a conclusão do curso, o prefeito do município reunirá os empresários da cidade para apresentar os novos profissionais. Todos serão contratados para pintar 40 casas populares, que estão sendo construídas em Cruzeta.

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