Por Suerda Medeiros
Acompanhei a governadora do RN, Rosalba Ciarlini, num percurso entre Caicó e Currais Novos. No carro oficial, nosso blog pegou carona por 100km e quis saber como a governadora acha que a população a enxerga hoje. Alegando ter achado a casa muito desarrumada, a chefe do estado diz que já fez muito pelo RN, só não divulgou ainda. Sobre sua quase cassação diz: “o que passou, passou”. Quando perguntei se seria candidata a reeleição, não disse sim. Mas também não disse não. Indagada sobre o abandono dos partidos aliados, Rosalba foi polida e não citou nomes, mas demonstrou mágoa por abandono. Perguntei o que o seu governo estava fazendo com o dinheiro que tomou emprestado ao Banco Mundial, afinal são 540 milhões de dólares. Ela disse que o dinheiro já começou a ser usado. E disse mais: que não tira férias há três anos e que garante que em 2014 será tudo muito melhor!
Que avaliação a senhora faz desses três anos de seu governo?
A avaliação é que terminamos um ano de muito trabalho de uma ação que começou em 2011. Fazendo um trabalho que era importante, mas que a população não sente porque é um trabalho de resgatar a credibilidade do nosso estado junto aos órgãos federais e internacionais e procurar deixar nosso estado adimplente.
O Rio Grande do Norte estava muito desarrumado?
Estava. E isso está mais do que comprovado. E já conseguimos reformar mais de 250 escolas em três anos e encontrei todas numa situação muito difícil. Em Caicó reformamos a Central do Cidadão. Mas estava tudo muito difícil. Falta de vagas em presídios. Delegacias sem estrutura. Policiais sem material de trabalho, nem armamento. Então tudo isso até a gente chegar numa situação que você diga tá tudo bem, é tempo! É como juntar todos os cacos de um vaso que você quebra num minuto. Mas apesar de muitas dificuldades do nosso estado e termos passado por momentos criticos, terminamos nosso terceiro ano de mandato com o estado com obras em todo o Rio Grande do Norte. Por exemplo: a Barragem da Oiticica, a Adutora de Carnaúba dos Dantas, a adutora de São José do Seridó, a nova adutora de Caicó que terá derivação para Serra Negra. São 700km de adutoras no seridó, oeste, alto oeste, médio oeste. Estamos construindo 2.700 barragens submersas em todo o RN.
O que o seu governo fez de mais importante na região do Seridó?
Acho que aqui não tem ação maior que não seja aquela voltada para a água. Eu acho que a marca é fazer a Barragem da Oiticica, como já estamos fazendo. Marca do nosso governo, realização com o governo federal, mas é uma marca. Vamos conseguir um sonho de mais de 50 anos. Além disso as obras de saneamento básico, de esgotamento sanitário. Caicó e Parelhas vão ficar praticamente saneadas, mas é uma obra que ninguém vê porque fica debaixo da terra. Outra marca importante é a educação. Nós estamos fazendo um trabalho de recuperação da educação. O RN não é mais lanterninha na educação. A universalização do SAMU, que chega a Caicó e, com isso, um trabalho difícil, árduo, mas que estamos perseguindo, que não acontece da noite pro dia, é a questão do apoio a saúde com os municípios e o governo federal.
A senhora foi a primeira prefeita eleita de Mossoró, governando a maior segunda cidade do RN por três mandatos, deixou a prefeitura 12 anos depois com 96% de aprovação. Foi a primeira senadora pelo RN, bem avaliada pela sua atuação. Isso a credenciou para ser candidata ao governo do estado, e venceu no primeiro turno. E hoje? Como a senhora acha que o povo do RN lhe vê?
Eu sou muito pé no chão. Eu tenho consciência de que a população esperava, até por esse exemplo de Mossoró e do senado, que quando Rosalba assumisse todos os problemas do RN estariam solucionados. Quando eu me deparei com tantos problemas no inicio da administração, eu me senti como um cidadão comum que está no ‘Serasa’, no SPC, que não pode fazer nada, impedido de conseguir convênios, impedido de fazer empréstimos, só com dividas. Foi assim que eu entrei no governo do estado. Dívidas e mais dívidas. E tanta coisa que outros governos botaram pra debaixo do tapete. Eu não sou de fazer isso. Começaram a explodir no meu colo. E a população cobrava que eu resolvesse de imediato. Cadê os meios? As condições? Não tinha! Então eu sei que, em função disso, muitos ficaram achando que o governo estava inoperante. Mas eu passei dois anos tentando fazer o estado ficar adimplente. E tive também uma pouca sorte com o tempo, porque pegamos dois anos de seca, a maior dos últimos cem anos no nordeste. E tudo que consegui fazer não tive tempo de divulgar bem. Tenho certeza que quando a população tomar conhecimento do que está sendo feito no nosso estado vai mudar de opinião. Vou prestar contas do que fiz, ao contrário do governo passado que dizia que fazia e quando se chegava lá nada havia.
Adversários seus dizem que a senhora é fechada ao diálogo. É verdade?
Não. Não é assim. Eu sou muito aberta, gosto de ouvir, de receber conselhos. Na realidade foi umtsuname de problemas, de questões que não dava nem tempo de parar. Muitas vezes o correligionário quer uma solução e eu estava numa fase de inadimplência e ser realista dizendo: não tenho recurso. E isso não agrada. Ser sincera não agrada. Essa é minha maneira de ser e acho que já passei da idade de mudar.
Os partidos aliados deixaram de apoiar seu governo. A senhora se sentiu abandonada?
Eu espero que se tenha maturidade política de que as preferências partidárias sejam uma coisa, mas o governo seja bem diferente. O governo precisa que todos os partidos, independente de gostarem ou não de mim, ajudem o RN. Essa sempre foi e vai ser sempre minha convocação. Às vezes a gente se surpreende com atitudes tomadas que transparecem muito mais preocupação só com uma eleição. Eu não. Eu tô preocupada com o trabalho de hoje. Eleição, a partir de junho a gente conversa.
O que está sendo feito com os 540 milhões de dólares que o governo do RN tomou emprestado, nessa sua gestão, ao Banco Mundial?
320 milhões agora em outubro foram aprovados, depois dessa luta todinha, depois de quase três anos. Assinamos o contrato e está sendo liberada uma primeira parcela, que é de preparação das consultorias, dos termos de referencia. É pequena essa, mas é pra dar esse suporte. Muitos editais já estão sendo publicados, por exemplo: na saúde para compra de equipamentos de reestruturação hospitalar. Na segurança: editais para compra de câmaras de monitoramento, reestruturação de delegacias, melhorias. Turismo: infra-estrutura de acesso às praias, teleféricos para Santa Cruz e Martins. A segunda parte será liberada quando tivermos usado esses 40% desses primeiros recursos.
Se em 2014 for mais um ano de seca, o que o governo vai fazer para assistir a população?
Desde que começou a seca, toda segunda-feira nós nos reunimos no final do expediente com a defesa civil, representantes de municípios, da igreja, com as secretarias envolvidas, com a Caern, com a Emparn…mas se Deus quiser vai chover e estou preocupada com as sementes, porque vai chover e vamos precisar das sementes para plantar. Eu tenho convicção que o seridó tem um povo forte, resistente e capaz e existem novas atividades surgindo que vão transformar esta região, apesar das secas que castigam. Mas nós já estamos com todas as medidas necessárias para assistir a população. A torta, por exemplo, está garantida até março. A garantia safra está mantida para 50 mil trabalhadores. É aquele apoio que dá condições de sobrevivência. A seca é um prejuízo muito grande para nosso estado. O que a gente perde e o que deixa de ser gerado, porque várias atividades estão sofrendo.
Como a senhora recebeu a noticia que o TRE-RN, havia determinado a cassação do seu mandato e seu afastamento imediato do cargo por acusação de uso do avião oficial para participar da campanha da prefeita eleita de Mossoró, Cláudia Regina? Ouvi a senhora declarar que ‘forças ocultas’ se movimentavam para barrar o crescimento do RN. O que tem a dizer?
Olhe são duas coisas distintas. Sobre o afastamento fiquei surpresa, meu Deus do céu! Fiquei surpresa! Estava sendo avaliada uma questão de eleição de prefeita, porque a de governo nenhuma ação desse tipo foi movida contra mim. Pelo contrário. Tudo dentro da normalidade e da lei como sempre pautei minha vida. Então fiquei surpresa. Como é que um fato de uma eleição municipal cabia uma cassação? Mas, confiando na justiça divina e dos homens tudo isso já foi esclarecido e nós estamos olhando pra frente. O que passou, passou.
Olhando a outra questão, muitas vezes sentir que algumas ações que são importantes para o estado, são boicotadas, dificultadas, é muito doloroso. Existem aquelas pessoas que só querem reclamar, botar defeito, criticar. Naquela do ‘quando pior, melhor’, na terra arrasada. Eu amo meu estado. Eu quero bem ao RN. E quero que esse estado cresça, se desenvolva. E pra isso, acho que todos tem que estar unidos, independente de cor partidária, de bandeira, de gostar ou não de mim ou seja lá de quem for. O estado é permanente, nós passaremos. Eu quero deixar o estado melhor para todos que vão vir depois de nós.
É pretensão sua ser candidata à reeleição para o governo do RN?
Eu estou arrumando a casa porque é minha obrigação trabalhar pelo Rio Grande do Norte. Foi pra isso que eu fui eleita. Infelizmente peguei o estado numa situação difícil: dividas, inadimplência, muita dificuldade. Vamos trabalhar! É isso que tenho a dizer.
O seu governo vai mexer no secretariado em 2014? Já tem nomes?
Vamos mexer sim. Dois secretários se dizem candidatos: Rogério Marinho e o secretário de segurança que recentemente se filiou a um partido e está com uma idéia de se candidatar. Fala-se também em Leonardo Rêgo. Mas eles é quem vão decidir e que eles comecem cedo a ir cuidar das eleições que não dá pra compatibilizar as duas coisas.
A governadora tirou férias nesses três anos?
Não. Nesse fim de ano reúno minha família, meus quatro filhos, seis netos, meus irmãos. Nós temos o hábito de reunir todo mundo, uma tradição da nossa casa. Ano novo vou para Tibau.
Vamos ter um ano melhor por parte do governo Rosalba para o RN?
Essa é minha vontade. Uma coisa vocês podem ter certeza: vou continuar incansavelmente tentando superar os obstáculos, vencer os desafios, desatar os nós das dificuldades, acreditando que é possível fazer sempre mais pelo nosso estado. Nesse ponto eu sou como toda mulher potiguar: resistente, determinada e com uma força de vontade muito grande de ver o RN maior, melhor e mais justo para todos os filhos desta terra. Feliz 2014!
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